Enorme desperdício de alimentos afeta meio ambiente, alerta FAO
France Presse
ROMA, 11 Set 2013 (AFP) – Mais de um bilhão de toneladas de alimentos, o equivalente a um terço da produção mundial, são desperdiçados anualmente ao custo de 750 bilhões de dólares e um impacto nefasto ao meio ambiente, informou a FAO nesta quarta-feira.
‘O desperdício maciço de alimentos tem grande importância para a segurança alimentar e para a segurança em geral’, declarou o brasileiro José Graziano da Silva, diretor geral desta organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com sede em Roma, ao apresentar um relatório sobre o tema.
‘Não podemos permitir que um terço do total de alimentos que produzimos seja perdido ou desperdiçado devido a práticas inadequadas, quando 870 milhões de seres humanos estão famintos diariamente’, advertiu José Graziano.
Este desperdício inaceitável também gera ‘um grave prejuízo ao meio ambiente’, segundo a FAO. A título de exemplo, ‘a cada ano, os alimentos produzidos sem ser consumidos causam um gasto de água equivalente à vazão anual do Volga’, o rio mais longo da Europa que atravessa parte da Rússia, ‘e são responsáveis por gerar na atmosfera 3,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa’.
Só na ‘Ásia industrializada’, região que inclui China, Japão e Coreia do Sul, cerca de 200 quilos de verduras e cereais por habitante são desperdiçados, em média, a cada ano.
Em escala mundial, algo mais que a metade do desperdício ocorre na origem do processo, isto é, nas etapas de produção, de manutenção ou de armazenamento. Quarenta e seis por cento do desperdício restante ocorre no processo posterior de transformação, distribuição e consumo.
Achim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), qualificou de um ‘fenômeno assombroso’ o desperdício de alimentos.
Segundo o relatório, os custos econômicos diretos do desperdício de produtos agrícolas – excluindo peixes e mariscos – representam US$ 750 bilhões a cada ano no mundo, o equivalente ao PIB anual da Suíça.
Os outros setores que sofreram um impacto ambiental negativo são a indústria da carne na América do Norte e na América Latina, ou a de frutas em Ásia, Europa e América Latina.
‘A redução do desperdício de alimentos poderia não apenas reduzir a pressão sobre os recursos naturais limitados, mas também aliviar a necessidade de aumentar a produção de alimentos’ para dar de comer a uma crescente população mundial, destacou o informe.
‘A prioridade absoluta’ é a prevenção de perdas e desperdícios, mas no caso de excedentes alimentícios, a FAO defende sua reutilização, por exemplo sua entrega gratuita às pessoas mais necessitadas.
Entre as práticas recomendadas, algumas delas já em vigor, a FAO cita os novos sacos de plástico usados nas Filipinas para proteger o arroz dos roedores, um novo sistema de embalagem na Grã-Bretanha que permite manter frutas e verduras frescos por mais tempo e uma rede de lojas na Espanha que vende no varejo de acordo com a quantidade desejada pelo cliente, evitando assim a compra de quantidades supérfluas que correm o risco de ser jogadas fora em seguida.