Iniciativas buscam reduzir o desperdício de alimentos na capital paulista
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A redução do desperdício de alimentos é uma preocupação cada vez maior dos empresários que produzem ou vendem comida, avalia Luciana Curvello uma das coordenadoras do Programa Mesa Brasil em São Paulo. Uma iniciativa do Serviço Social do Comércio (Sesc), o Mesa Brasil recolhe alimentos de 630 empresas doadoras e distribui para 650 instituições, beneficiando cerca de 120 mil pessoas no estado. “O Mesa funciona baseado em um conceito de segurança alimentar, que busca trabalhar com a questão do acesso ao alimento”, explica Luciana.
Segundo ela, no início do programa, em 1994, ainda havia resistência dos empresários em doar os alimentos que não tinham mais condições de ser comercializados. Atualmente a ideia está muito mais disseminada, na opinião de Luciana. “No começo era muito difícil convencer uma empresa a participar, porque não se tinha esse tipo de experiência no Brasil. Hoje, essa situação mudou”, explica.
Como atende a entidades pequenas, o Sesc usa a própria estrutura para entregar as doações. O procedimento é usado também como estratégia para aumentar a eficiência do programa. “Entregando na instituição é que a gente tem condições de conhecer melhor o nosso parceiro e adequar a entrega de alimento de acordo com a necessidade dela”, ressalta Luciana. “Não é uma simples distribuição, mas uma entrega de acordo com o perfil, com a faixa etária que se serve, com a estrutura que se tem. Então há a preocupação de não se levar um produto congelado para uma instituição que não tem freezer”, exemplifica.
Esse cuidado não é possível em outro programa semelhante, o Banco de Alimentos da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Em 2012 o projeto distribuiu mais de 2 mil toneladas de alimentos recolhidos de 587 empresas colaboradoras. “São alimentos que não têm mais valor comercial, mas ainda há condições de serem consumidos. É uma fruta mais madura, uma verdura com a folhagem um pouco murcha, mas que ainda tem condições de aproveitamento para o consumo humano”, explica a nutricionista Alessandra Figueiredo a respeito do programa que começou a funcionar em 2003.
O Banco de Alimentos aproveita, entretanto, o contato com as entidades que vem retirar as doações para transmitir orientações. “Todas vezes que elas vem retirar as doações nós fornecemos um boletim mensal com temas de nutrição”, conta Alessandra que quer ampliar a atuação com a aquisição de equipamentos para processar os alimentos.
O projeto de expansão prevê a aquisição de uma máquina para retirar a polpa dos alimentos e uma desidratadora. “Seria um alimento que teria apenas um dia para ser consumido, mas quando você processa, aumenta o prazo de validade desse alimento”, destaca a nutricionista sobre o projeto que ainda precisa de uma fonte de recursos para ser posto em prática.
Edição: Beto Coura
Crédito – Agência Brasil